Um mundo novo está nascendo!

"Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce"

Papa Francisco

As primeiras horas do dia são ainda no escuro, até que a aurora chega para anunciar que o sol está pra aparecer e trazer luz à vida na Terra. 

Sinto que estamos nesse momento da história, quando os primeiros raios de luz começam a aparecer para dissipar as trevas da ignorância em que estivemos mergulhados nos últimos tempos. Pra que as coisas mudem de verdade muitas estruturas de poder precisam desaparecer.

A cada dia que passa fica mais evidente que os modelos de política e desenvolvimento que norteiam as sociedades modernas estão defasados e não dão conta das questões que o presente e o futuro nos apresentam.

Enquanto isso a Terra segue sendo explorada muito além da sua capacidade de regeneração e a cada dia mais sistemas entram em colapso e diversas espécies entram em processo de extinção.

É um momento de transição, onde as estruturas dominantes “arrocham os cintos” na busca de continuar explorando livremente pessoas, animais, plantas, minerais, águas e tudo o mais que conseguirem quantificar.

As experiências que enfrentamos com o surgimento da Covid-19 e seus desdobramentos tem o potencial de nos conectar com os verdadeiros potenciais humanos e impulsionar uma mudança na forma como nos relacionamos conosco, com as pessoas com quem convivemos e com o meio ambiente. 

Está na hora de rever diversos pactos sociais e estabelecer novos acordos de convivência e gestão para que possamos nos conectar mais a valores e virtudes favoráveis à vida e sua manutenção!

Aqui no Brasil estamos vivenciando um acelerado processo de ecocídio que ameaça todos os nossos biomas e toda a vida que sustentam, incluindo as humanas. Tem muita gente sentindo fome, vendo suas crianças pedindo comida sem ter o que fazer enquanto o preço dos alimentos aumenta exponencialmente.

O abismo social que separa os mais ricos dos mais pobres só cresce, nossas instituições estão cada vez mais corrompidas e coniventes com os interesses de poucos enquanto a maioria da população peleja com as consequências dos modelos de desenvolvimento dominantes (fome, desemprego, falta de moradia, doenças e toda a violência que deriva dessa combinação de circunstâncias). 

Fomos ensinados(as/es) a acreditar na distopia que algumas vidas "valem" mais que outras e que é aceitável que certos grupos vivam na miséria causada principalmente pela má distribuição dos recursos do planeta. 

Infelizmente, muitas pessoas ainda se conectam com esta forma de existência, seja pela falta de oportunidade e/ou acesso a direitos consolidados, comodismo, desinformação, fome de poder, etc.



É possível gerar abundância pra que todo mundo tenha acesso ao menos aos elementos básicos da vida como água, comida, abrigo e a não sofrer violências. 

Estamos num momento em que as bases estruturantes da nossa sociedade estão todas estremecidas. A cada dia fica mais claro que o modelo civilizacional que escolhemos até aqui é injusto, excludente e insustentável. 

São diversos problemas e soluções possíveis. Para superá-las precisamos mudar nosso olhar para as realidades que estamos construindo, observar mais nossos sentimentos e atitudes em relação a nós mesmos e aos/as outros (as/es), a forma com lidamos com nossos problemas, nosso jeito de pensar o mundo e as relações que estabelecemos com toda a rede da vida com a qual compartilhamos nosso planeta Terra. 

Ao mesmo tempo, pessoas no mundo todo experimentam novas formas de (co)existir uns com os/as outros/as, com a natureza e todos os seres que compartilham este endereço cósmico.  

Existem várias iniciativas individuais e coletivas, em distintas fases de planejamento e execução, buscando formas mais sustentáveis de se relacionar com a terra e com o consumo, buscando suprir as necessidades humanas permitindo que a diversidade e abundância dos sistemas naturais sejam preservadas, consolidando uma visão de mundo mais holística e ecocentrada. 

Exemplos deste caminho são a Permacultura e as Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSAs), as iniciativas de educação transformadora, as organizações comunitárias, produtores(as) artesanais, atividades de agrofloresta e agricultura sintrópica, movimentos artísticos, a ecopsicologia, o ecofeminismo entre tantos. 

Para que as transformações necessárias aconteçam precisamos (todos, todas e todes) nos envolver apresentando ideias e indo além das intenções, promovendo ações que gerarão impacto na vida das pessoas e na preservação e recuperação do meio ambiente.

Afinal, toda vida é sagrada e tem o direito de existir e nós como humanos precisamos aprender a aceitar e respeitar essa rede.

Créditos:

Texto: Chiara Santos - Psicóloga com especialização em Educação, Diversidade e Inclusão Social e Formação em Ecopsicologia e Ecologia Profunda

Imagens: Freepik